Assim como funciona em qualquer classe de ativos, investir em fundos de investimento requer um entendimento básico sobre a natureza e a diversidade dos riscos a eles associados, para garantir ao investidor uma decisão embasada e consciente sobre onde e como alocar seus recursos. Vale lembrar: tomar uma decisão financeira, por mais segura que possa parecer, sempre envolve algum tipo de risco.
No mundo dos investimentos não é diferente: aventurar-se implica se expor a certo grau de risco. Embora os fundos de investimento ofereçam a vantagem de preservar os recursos de seus investidores do ponto de vista administrativo, uma vez que são mantidos em uma estrutura apartada do gestor e do administrador, o fato é que investir em fundos envolverá mais ou menos riscos conforme um fator primordial: a expectativa de retorno.
E, uma vez que existem fundos que aplicam recursos em praticamente todos os tipos de mercado, do imobiliário ao de ativos problemáticos, o nível de risco também varia muito, acompanhando essa diversificação.
No artigo de hoje, focalizamos os principais tipos de risco que costumam estar associados aos fundos de investimento, como também a qualquer outra modalidade de aplicação disponível no mercado.
Conceito de risco
Relacionado à ideia de perigo, ameaça ou insucesso, o risco pode ser definido como a probabilidade de ocorrer um evento indesejado ou inesperado que cause perdas de qualquer natureza, por envolver fatores que estão fora de nosso controle e independem de nossa vontade.
No âmbito financeiro, o risco normalmente está ligado à incerteza em torno dos resultados de um investimento. Ou seja, o termo se refere à possiblidade de prejuízo em uma operação ou transação que não acontece conforme o esperado. Quanto maior o risco, maiores as possibilidades de perdas financeiras.
Em maior ou menor grau, todos os investimentos embutem risco, e compreender os fatores relacionados a esse risco é fundamental para decidirmos como e onde investir nosso dinheiro.
Por que é importante entender sobre os riscos de investimento
Proteger-se de perdas substanciais é a razão principal pela qual é importante compreender os tipos de risco envolvidos em um investimento financeiro, seja ele qual for. Sem um entendimento adequado dos riscos, estaremos sujeitos a tomar decisões precipitadas e investir em ativos ou estratégias que podem resultar em verdadeiros desastres financeiros.
Ao compreender os riscos associados a determinado investimento, o investidor alinha suas expectativas de maneira mais realista, evitando grandes decepções, além de se tornar apto a adotar estratégias de gerenciamento de risco mais adequadas e eficazes, que envolvam a diversificação do portfólio, por exemplo, ou o uso de instrumentos financeiros para proteção e definição de limites de perda.
À medida que adquire conhecimento sobre os riscos de investimentos e passa a gerenciá-los de forma eficaz, o investidor desenvolve confiança em suas decisões e torna-se mais resiliente diante dos desafios e incertezas do mercado financeiro.
Tipos de risco de investimento
Embora não exista uma classificação única, os riscos de investimento costuram ser categorizados conforme seu comportamento e efeitos gerados.
Conheça a seguir os principais tipos de riscos e de que forma eles podem impactar seus investimentos em fundos.
Risco de crédito
Em linhas gerais, o risco de crédito surge quando a instituição emissora dos títulos de um fundo de investimento não se mostra capaz de cumprir
suas obrigações de pagamento de juros ou de devolver o principal investido. Ou seja, ele embute a chance de o emissor dar “calote” nos investidores.
Esse risco está fortemente relacionado com a qualidade de crédito dos emissores e é particularmente relevante para fundos de renda fixa. A diversificação pode ajudar a mitigar esse risco, ao repartir o investimento entre diferentes emissores.
Além disso, vale lembrar: quanto mais sólido o emissor e suas finanças, menor tende a ser o risco de crédito dos seus papéis. Por isso, para mitigar esse tipo de risco é importante buscar informações sobre a instituição em que se está investindo, checando avaliações e ratings de empresas especializadas em avaliação de risco.
Risco de mercado
O risco de mercado é uma possibilidade incontornável em qualquer investimento. Ele está relacionado às flutuações nos preços de ativos como ações, títulos e moedas. Essas oscilações são influenciadas por eventos econômicos, políticos e sociais, e podem afetar diretamente o valor das cotas do fundo. É importante entender que o risco de mercado é inevitável e deve ser gerenciado de forma habilidosa.
A melhor forma de fazer isso é por meio da diversificação da carteira e de outras operações que ajudam a blindá-la. Além disso, no caso das aplicações em renda variável, ter uma visão de longo prazo também pode ajudar a diluir os riscos. Em períodos maiores, oscilações pontuais tendem a ter seu impacto reduzido.
Risco de liquidez
O risco de liquidez diz respeito à possibilidade de comprar ou vender ativos de um fundo de investimento, quando necessário, sem afetar drasticamente seus preços de mercado. Fundos com ativos mais ilíquidos podem enfrentar dificuldades em momentos de resgate em grande escala.
Um fundo que aplica seus recursos em ações pouco negociadas na bolsa, por exemplo, pode ser ver obrigado a adiar a venda ou a conceder um grande desconto caso enfrente dificuldade para encontrar quem compre esses papeis.
É, portanto, fundamental avaliar o nível de liquidez de um fundo, pois ele pode impactar sua rapidez no resgate. A depender do tipo de aplicação que realizam, todos os tipos de fundo estão sujeitos a esse risco, e conhecer bem a composição da carteira é uma forma de estar preparado para enfrentá-lo.
Risco de gestão
Esse é o risco associado à capacidade do gestor de um fundo em tomar decisões sólidas e estratégicas. A habilidade e a experiência do gestor desempenham um papel crucial na mitigação de riscos e na busca de retornos consistentes. É essencial escolher gestores com histórico sólido e metodologias de investimento bem definidas.
Risco regulatório
São os riscos associados a mudanças nos marcos regulatórios do setor.
Risco operacional
Conforme a definição da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), o risco operacional reflete as falhas ocorridas no decorrer do investimento. Elas podem decorrer de problemas nos equipamentos de uma companhia, de falhas humanas no controle de custos e gerenciamento das quantias aplicadas ou de má administração dos recursos.
Risco de concentração
Fundos que se concentram em um único setor, região ou classe de ativos correm o risco de sofrer perdas substanciais caso essa área específica enfrente dificuldades. A diversificação é uma ferramenta vital para reduzir esse tipo de risco, garantindo que o fundo esteja menos exposto a variações adversas em uma única área.