Alternativa interessante às ações negociadas na bolsa de valores, as debêntures vêm se tornando uma opção cada vez mais atrativa para investidores que desejam diversificar sua carteira de renda fixa e obter retornos superiores aos de aplicações tradicionais. Ainda que envolvam um risco maior.
Espécie de captação de recursos para empresas com capital aberto na bolsa de valores, as debêntures se parecem com um título público ou privado, com a diferença de que, para emiti-las, é preciso destinação clara. Por isso, as companhias tendem a acionar esse recurso quando querem pagar uma dívida ou expandir seus negócios.
Para o investidor que opta por esse ativo, as vantagens são inúmeras, entre elas a possibilidade de participar da estratégia de negócios da empresa emissora, não no papel de acionista, mas de debenturista.
Continue a leitura para entender melhor como funciona o universo das debêntures, quais suas principais características e como investir nesses títulos de forma estratégica e segura.
O que são debêntures?
As debêntures são títulos de dívida emitidos por empresas com o objetivo de captar recursos para financiar suas operações, projetos ou reestruturação financeira. Na prática, quando um investidor adquire uma debênture, ele está emprestando dinheiro para a empresa emissora, que se compromete a devolver o valor investido acrescido de juros dentro de um prazo determinado.
Esse instrumento de captação de recursos funciona de maneira semelhante aos títulos públicos, com a diferença de que, em vez de financiar o governo, o investidor está financiando uma empresa privada.
Ao longo de sua trajetória, é natural que em algum momento uma empresa precise levantar recursos para financiar novos projetos, expandir seus negócios ou simplesmente reforçar seu capital de giro. Para isso, precisará realizar um empréstimo e contrair uma dívida, seja com o banco ou com investidores, no mercado de capitais. É a partir daí que ela emite a debênture na bolsa de valores.
De instituições a pessoas físicas, a emissão de debêntures permite a uma companhia atrair os mais diversos tipos de investidores. Seu papel será o de contribuir para que empresa levante o capital necessário para seus projetos. Em contrapartida, quem aporta o dinheiro em debêntures passa a ter um direito de crédito sobre a empresa emissora, sendo remunerado com os juros desse empréstimo.
Como funciona a remuneração de debêntures
As debêntures são ativos de renda fixa que oferecem juros futuros, com base na data de vencimento, quando o investidor recebe o valor aplicado somado ao rendimento informado.
Com um prazo de vencimento definido, as debêntures podem oferecer pagamentos de juros periódicos ou no vencimento do título.
A remuneração pode ser estruturada de três formas:
• Prefixada: taxa de juros fixa definida no momento da emissão, garantindo previsibilidade de ganhos.
• Pós-fixada: rentabilidade atrelada a um índice, como o CDI ou IPCA, oferecendo variação conforme o mercado.
• Híbrida: combinação de taxa fixa mais um índice de referência, como IPCA + 5% ao ano.
Além disso, as debêntures podem ser negociadas no mercado secundário, permitindo ao investidor vendê-las antes do vencimento, caso necessário.

Ações e debêntures: quais as diferenças?
Apesar de ambas serem emitidas por empresas e estarem relacionadas ao mercado de capitais, ações e debêntures têm uma série de características distintas.
Enquanto as ações representam a participação no capital de uma empresa, as debêntures são títulos de dívida emitidos por empresas com o objetivo de captar recursos para financiar projetos ou pagar dívidas. Isso significa que quem investe em debêntures se torna credor de uma empresa, e não sócio, como nas ações.
Ao adquirir a ação de uma companhia, o investidor compartilha seus resultados, sejam eles positivos ou negativos. Ou seja: caso a empresa cresça e tenha lucros, os acionistas podem se beneficiar da valorização das ações e do pagamento de dividendos. No entanto, se a empresa tiver dificuldades financeiras ou perder valor de mercado, o investidor pode enfrentar perdas.
Como vimos, ao comprar uma debênture, o investidor está emprestando dinheiro à empresa, que se compromete a devolver o capital investido acrescido de juros em um prazo determinado. As debêntures não conferem participação na empresa, mas oferecem um retorno financeiro previamente acordado, tornando-se uma alternativa interessante para quem busca previsibilidade na renda fixa.
Uma grande diferença entre os dois ativos, portanto, está no risco envolvido. As ações são consideradas investimentos de renda variável, pois seus preços oscilam de acordo com o desempenho da empresa e as condições do mercado. Isso significa que a rentabilidade não é garantida e pode variar ao longo do tempo.
Já as debêntures, por serem classificadas como renda fixa, apresentam um fluxo de pagamento mais estável, com taxas de juros pré ou pós-fixadas. No entanto, elas também oferecem risco de crédito, pois caso a empresa emissora enfrente dificuldades financeiras, pode não conseguir honrar seus compromissos.
Principais tipos de debêntures
– Debêntures simples (ou não conversíveis)
As debêntures simples são as mais comuns no mercado. Elas funcionam como um empréstimo tradicional, onde o investidor recebe juros periódicos ou no vencimento do título. Essas debêntures não oferecem a possibilidade de conversão em ações da empresa emissora, garantindo apenas o pagamento do valor investido acrescido da rentabilidade combinada.
Características:
– Rendimento definido no momento da emissão
– Sem direito a conversão em ações
– Indicado para quem busca previsibilidade de retornos
Debêntures conversíveis
Diferente das debêntures simples, as debêntures conversíveis oferecem ao investidor a possibilidade de converter os títulos em ações da empresa emissora em determinado período. Essa opção pode ser interessante para quem deseja se tornar acionista e potencialmente se beneficiar da valorização da empresa ao longo do tempo.
Características:
– Possibilidade de conversão em ações
– Potencial de valorização, mas com maior risco
– Indicado para investidores que desejam combinar renda fixa e variável
Debêntures incentivadas
As debêntures incentivadas são emitidas para financiar projetos de infraestrutura no Brasil, como rodovias, energia e saneamento. Elas possuem um grande atrativo para investidores pessoa física: a isenção de Imposto de Renda sobre os rendimentos, o que pode aumentar significativamente a rentabilidade líquida.
Características:
– Isenção de Imposto de Renda para pessoa física
– Destinadas a projetos de infraestrutura
Boa alternativa para quem busca rentabilidade líquida superior
Debêntures perpétuas
As debêntures perpétuas não possuem um prazo de vencimento definido, o que significa que o investidor pode receber pagamentos de juros indefinidamente. No entanto, a empresa emissora pode estabelecer condições para recomprar os títulos após determinado período.
Características:
– Pagamento contínuo de juros
– Sem vencimento fixo
– Maior risco de crédito e volatilidade
Debêntures subordinadas
As debêntures subordinadas possuem um nível de risco maior, pois, em caso de falência da empresa emissora, o pagamento aos detentores desses títulos ocorre apenas após a quitação das obrigações com credores preferenciais. Como compensação pelo maior risco, essas debêntures costumam oferecer uma rentabilidade superior.
Características:
– Risco de crédito mais elevado
– Rentabilidade geralmente maior
– Indicado para investidores com maior tolerância ao risco
Debêntures quirografárias
As debêntures quirografárias são aquelas que não possuem garantia específica. Isso significa que, caso a empresa emissora enfrente dificuldades financeiras, o pagamento dos investidores será feito de acordo com a prioridade estabelecida na estrutura de capital da companhia, mas sem preferência sobre outros credores.
Características:
– Sem garantias específicas
– Risco moderado
– Rentabilidade intermediária
Debêntures com garantia real
Ao contrário das debêntures quirografárias, as debêntures com garantia real são lastreadas por ativos da empresa emissora, como imóveis, equipamentos ou outros bens. Isso reduz o risco para o investidor, pois há uma garantia física para cobrir o pagamento em caso de inadimplência.
Características:
– Maior segurança para o investidor
– Garantia vinculada a bens da empresa
– Rentabilidade geralmente mais baixa devido ao menor risco
Vantagens de investir em debêntures
As debêntures costumam se destacar como uma alternativa extra de investimento para quem que já aplicam em renda fixa. Uma de suas grandes vantagens está relacionada ao seu risco adicional, o risco de crédito da empresa emissora, que costuma trazer um rendimento mais alto se comparado a outros papéis de renda fixa.
Confira a seguir as principais vantagens desse tipo de investimento.
– Rentabilidade superior
Em geral, as debêntures oferecem retornos mais atrativos do o de outras aplicações de renda fixa tradicionais, como CDBs, LCIs e até mesmo títulos públicos. Como são emitidas por empresas privadas, elas geralmente oferecem taxas de juros mais atrativas para compensar o risco do investimento. Além disso, algumas debêntures são indexadas ao IPCA (inflação), garantindo um ganho real ao investidor.
– Diversificação da carteira
Investir em debêntures permite diversificar os investimentos dentro da renda fixa, reduzindo a dependência de ativos tradicionais, como o Tesouro Direto e os CDBs. Ao incluir debêntures na carteira, o investidor pode equilibrar melhor o risco e o retorno, tornando sua estratégia mais eficiente.
– Isenção de Imposto de Renda em debêntures incentivadas
As debêntures incentivadas são emitidas para financiar projetos de infraestrutura no Brasil e possuem um grande diferencial para investidores pessoa física: isenção de Imposto de Renda sobre os rendimentos. Isso significa que todo o lucro obtido é líquido, aumentando a rentabilidade final do investimento.
– Previsibilidade e opções de rentabilidade
As debêntures podem ter diferentes formatos de remuneração, o que permite que o investidor escolha a que melhor se adapta ao seu perfil. Essa diversidade de indexação permite que o investidor tenha previsibilidade e escolha a melhor estratégia de rentabilidade para seu portfólio.
– Possibilidade de recebimento de juros periódicos
Diferente de outros investimentos de renda fixa que acumulam os juros até o vencimento, algumas debêntures permitem o pagamento de juros periódicos (mensais, trimestrais ou semestrais). Isso pode ser uma excelente vantagem para quem deseja uma fonte de renda passiva recorrente.
Como investir em debêntures
Para investir em debêntures, é necessário ter uma conta em uma corretora de valores. Essas instituições oferecem acesso ao mercado de capitais e permitem a compra de debêntures no mercado primário (oferta inicial) ou mercado secundário (títulos já emitidos sendo negociados).
Além da rentabilidade, é essencial avaliar o risco da debênture. O rating de crédito é uma classificação atribuída por agências especializadas com base em uma analise de risco de inadimplência. Ou seja, ele que indica a capacidade da empresa de honrar suas dívidas. Quanto maior o rating, menor o risco.
Outro aspecto importante: diferente de outros investimentos de renda fixa, as debêntures podem ter baixa liquidez, ou seja, nem sempre é fácil vendê-las antes do vencimento.
Portanto, antes de investir, verifique:
– Prazo de vencimento: o tempo que o dinheiro ficará investido.
– Mercado secundário: algumas debêntures podem ser negociadas antes do vencimento, mas nem sempre há compradores disponíveis.
Se precisar de liquidez imediata, pode ser interessante equilibrar sua carteira com investimentos mais flexíveis.
Por fim, vale lembrar que o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) vai incidir sobre as debêntures apenas caso o saque seja feito antes de 30 dias da aplicação.