Versáteis e aptos a atender a um leque abrangente de investidores, os fundos de investimento figuram entre as opções mais visadas do mercado para quem está em busca de diversificação da carteira. Afinal, eles acabam sendo uma forma prática de alocar recursos em uma variada cesta de ativos, de ações e debêntures a títulos públicos e até mesmo investimentos internacionais, além de oferecerem uma possibilidade de diversificar os investimentos mesmo para quem tem pouco dinheiro.
Os fundos de investimento são uma modalidade na qual um conjunto de investidores realiza aplicações coletivas em uma carteira. Divididos em cotas, os fundos de investimento disponíveis hoje no mercado oferecem opções para praticamente todos os perfis de investidor, e podem ser adequados tanto para quem está querendo sair da poupança e se aventurar em formas mais rentáveis de aplicação, como para investidores experientes e habituados ao mercado financeiro, em busca de alternativas mais sofisticadas para alocar seus recursos.
Confira a seguir um panorama dos principais tipos de fundos de investimento presentes no mercado, suas principais características e estratégias adotadas por cada um.
Tipos de fundos de investimento
Aptos a atender a diferentes perfis e objetivos, os fundos de investimento são classificados em alguns tipos distintos, a depender de fatores como aplicações predominantes na carteira e estratégias que adotam. A regulamentação da CVM organiza os fundos em quatro diferentes classes principais (Renda Fixa, Ações, Cambial e Multimercado), que determinam sua política de investimento e portanto, são fundamentais para a tomada de decisão do investidor. Além desses investimentos tradicionais, também é possível investirmos em fundos de ativos alternativos, como a dos FIIs (Fundos de Investimentos Imobiliários), dos Fundos de Previdenciários, Fundos de Private Equity e os nossos preferidos, Fundos de Investimentos em Direitos Creditórios – FIDCS, entre outros (como fundos de fundos, Fics e Fips)
Cada categoria de fundo apresenta características únicas, que levam em conta, principalmente, os ativos que os compõem. Conheça a seguir os tipos de fundos mais comuns.
Fundos de renda fixa (FIRF)
Os fundos de renda fixa são conhecidos por oferecer uma maior previsibilidade em relação aos retornos. Um fundo de Renda Fixa deve ser composto por, no mínimo, 80% de ativos desta modalidade – como CDB, LCI, LCA e afins. Por essa razão, os maiores riscos desse tipo de operação se devem à variação da taxa de juros ou do índice de preços.
Eles investem em títulos como títulos públicos, debêntures e Certificados de Depósito Bancário (CDBs), que geram rendimentos consistentes ao longo do tempo, e são ideais para investidores com perfil mais conservador, buscando estabilidade e menor exposição a riscos.
Entre os mais populares dessa classe estão os Fundos DI, aqueles cuja carteira apresenta, pelo menos, 95% de investimentos em títulos atrelados ao CDI ou à Selic, podendo ser títulos públicos – emitidos pelo Tesouro Nacional – ou privados – emitidos por bancos ou empresas. Conhecidos pelos brasileiros, os Fundos DI estão entre as modalidades mais simples de investimento e, portanto, uma das alternativas mais indicadas para a formação da reserva de emergência.
Características e benefícios dos Fundos de Renda Fixa
Estabilidade e previsibilidade: Os fundos de renda fixa são conhecidos por proporcionar retornos mais previsíveis quando comparados a ativos de renda variável, como ações. Isso os torna uma opção popular para investidores que buscam minimizar a exposição a riscos elevados.
Liquidez: muitos fundos de renda fixa oferecem alta liquidez, o que significa que os investidores podem resgatar seus recursos com relativa facilidade. Isso é especialmente importante para aqueles que desejam manter seus investimentos acessíveis para emergências ou oportunidades imprevistas.
Diversificação: ao investir em um fundo de renda fixa, os investidores estão essencialmente adquirindo uma cesta diversificada de títulos. Isso ajuda a reduzir o risco associado a um único emissor e amplia o potencial de retorno.
Segurança: fundos de renda fixa são adequados para investidores com um perfil de risco mais conservador, que buscam preservar o capital e obter um retorno razoável ao longo do tempo, mesmo que menor em comparação a investimentos de maior risco.
Fundos de Investimentos de Ações (FIAs)
São fundos constituídos com o objetivo de investir no mercado de ações e, portanto, têm como principal fator de risco a variação de preços de ações admitidas à negociação no mercado organizado. Para serem chamados assim, os fundos de ações devem investir no mínimo 67% do patrimônio em ações negociadas em mercado de bolsa ou balcão organizado. O restante pode ser distribuído entre outros tipos de ativos.
Ao mesmo tempo em que oferecem a oportunidade de participar dos ganhos do mercado de ações, os fundos de ações também apresentam maior volatilidade e, por isso, são indicados para investidores com perfil mais arrojado, que buscam maximizar o potencial de lucros ao longo do tempo.
Características e benefícios dos Fundos de Ações
Potencial de crescimento significativo: os fundos de ações oferecem a oportunidade de aproveitar o potencial de crescimento das empresas e dos mercados de capitais. Com ações de empresas inovadoras e bem administradas, os investidores podem colher retornos substanciais ao longo do tempo.
Diversificação: ao investir em um fundo de ações, os investidores estão, na verdade, diversificando seu portfólio por meio de uma ampla gama de empresas e setores. Isso ajuda a reduzir o risco associado a um único investimento.
Liquidez: muitos fundos de ações oferecem liquidez, permitindo que os investidores comprem e vendam cotas com facilidade. Isso oferece a flexibilidade de adaptar o portfólio de acordo com as mudanças nas condições de mercado ou nas metas de investimento.
Fundos Cambiais
Os fundos cambiais são veículos de investimento que buscam replicar a variação das cotações de moedas estrangeiras em relação à moeda nacional. Devem manter, no mínimo, 80% de seu patrimônio investido em ativos que sejam relacionados, direta ou indiretamente (via derivativos), a esses fatores de risco.
Os fundos cambiais permitem aos investidores obter exposição a diferentes moedas, como dólar americano, euro, libra esterlina, entre outras, sem a necessidade de comprar diretamente essas moedas. Ao optar por um fundo desse tipo, é fundamental compreender que investir em moedas estrangeiras envolve riscos e requer uma análise aprofundada do cenário econômico global.
Características e benefícios dos Fundos Cambiais
Diversificação cambial: investir em fundos cambiais é uma maneira de diversificar a carteira ao adicionar ativos denominados em moedas estrangeiras. Isso pode ajudar a reduzir o risco associado à flutuação de uma única moeda.
Proteção contra a volatilidade cambial: em momentos de incerteza econômica ou de variações abruptas nas taxas de câmbio, os fundos cambiais podem atuar como um mecanismo de proteção, uma vez que buscam replicar a variação cambial.
Acesso simplificado ao mercado cambial: investir diretamente em moedas estrangeiras pode ser complexo e envolver custos adicionais. Os fundos cambiais oferecem uma alternativa mais simples, permitindo aos investidores acessar o mercado cambial por meio de uma única aplicação.
Principais riscos associados aos Fundos Cambiais
Volatilidade cambial: as moedas estrangeiras são conhecidas por sua volatilidade. Fatores como instabilidade econômica, política e eventos globais podem influenciar as taxas de câmbio de maneira significativa.
Risco de câmbio: investir em fundos cambiais implica risco cambial, ou seja, a variação da taxa de câmbio entre a moeda nacional e a moeda estrangeira. Isso pode impactar positiva ou negativamente os retornos dos investidores.
Cenários econômicos globais: eventos macroeconômicos, como mudanças nas políticas monetárias de países-chave ou eventos geopolíticos, podem afetar as taxas de câmbio e, por consequência, o desempenho dos fundos cambiais.
Fundos de Investimento Multimercado (FIMs)
Os fundos multimercados têm a flexibilidade de investir em diferentes classes de ativos, envolvendo diferentes fatores de risco, sem o compromisso de concentração em nenhum em especial. Cabem, nesse tipo de carteira, aplicações em ações, renda fixa, moedas e derivativos. Eles buscam a otimização de resultados por meio da diversificação e da alocação estratégica de recursos.
A natureza dinâmica dos Fundos Multimercado os torna atrativos para investidores que buscam um equilíbrio entre risco e retorno, podendo se adaptar a diferentes cenários de mercado. São mais compatíveis com objetivos de investimento que, além de procurar diversificação, tolerem uma maior exposição a riscos na expectativa de obter uma rentabilidade mais elevada.
Características e benefícios dos Fundos Multimercado
Diversificação estratégica: a principal vantagem dos fundos multimercado é a possibilidade de diversificar a carteira por meio de diferentes classes de ativos. Isso ajuda a reduzir o risco associado a um único investimento e a mitigar as flutuações de mercado.
Adaptação a cenários diversos: os gestores de fundos multimercado têm a liberdade de ajustar a alocação de recursos de acordo com as perspectivas econômicas e de mercado. Isso permite que o fundo se adapte a diferentes cenários, buscando oportunidades e minimizando riscos.
Potencial de retorno atrativo: A diversificação e a capacidade de explorar diferentes estratégias podem resultar em potencial de retorno superior em comparação com investimentos mais tradicionais.
Riscos associados aos Fundos Multimercado
Complexidade: a flexibilidade dos fundos multimercado também traz complexidade. Investidores devem estar cientes das estratégias utilizadas pelo fundo e da possibilidade de exposição a diferentes classes de ativos.
Performance variável: como os fundos multimercado buscam se adaptar a diferentes cenários, a performance pode variar amplamente ao longo do tempo. Investidores devem ter uma perspectiva de longo prazo.
Gestão profissional: como os fundos multimercado exigem a tomada de decisões dinâmicas e informadas, a gestão profissional é crucial. Investidores confiam nos gestores para tomar decisões estratégicas.
Fundos de Investimento Imobiliário (FIIs)
Os fundos imobiliários, também conhecidos como FIIs, são veículos de investimento coletivo que reúnem recursos de diversos investidores para adquirir e administrar empreendimentos imobiliários. Esses empreendimentos podem incluir propriedades comerciais, industriais, de varejo e até mesmo residenciais. Os rendimentos gerados pelos aluguéis e pela valorização desses imóveis são distribuídos aos investidores na forma de dividendos.
Esses fundos são fechados – e, por isso, o resgate de cotas não é permitido. Muitos deles, no entanto, são listados na bolsa de valores e negociados como ações.
Características e benefícios dos Fundos Imobiliários
Acesso ao mercado imobiliário: investir em fundos imobiliários permite aos investidores acessar o mercado imobiliário sem a necessidade de comprar um imóvel por conta própria. Isso possibilita a diversificação em diversos tipos de propriedades.
Renda passiva: um dos principais atrativos dos fundos imobiliários é a geração de renda passiva por meio dos aluguéis dos imóveis. Os investidores recebem dividendos periodicamente, o que pode ser uma fonte de fluxo de caixa constante.
Diversificação: os fundos imobiliários proporcionam diversificação instantânea, uma vez que um único fundo pode deter uma variedade de propriedades em diferentes setores e regiões.
Liquidez: os FIIs são negociados em bolsa, o que oferece alta liquidez aos investidores. Isso significa que os investidores podem comprar e vender cotas dos fundos com facilidade.
Riscos associados aos Fundos Imobiliários
Variação de rendimentos: os rendimentos dos fundos imobiliários podem variar ao longo do tempo com base na ocupação dos imóveis e nas condições do mercado de locações.
Risco de mercado: assim como qualquer investimento, os fundos imobiliários estão sujeitos a flutuações de mercado e podem sofrer impactos de eventos econômicos e políticos.
Gestão profissional: a qualidade da gestão do fundo é crucial para o sucesso do investimento. Investidores devem analisar a experiência da equipe de gestão e a estratégia adotada.
Fundos de previdência
Os fundos de previdência são projetados para auxiliar no planejamento financeiro de longo prazo, visando a aposentadoria. Eles podem ser de renda fixa ou multimercados, oferecendo uma abordagem estruturada para acumular recursos ao longo dos anos, aproveitando também os benefícios fiscais oferecidos por esses tipos de investimento.
Fundos abertos X fundos fechados: qual a diferença?
Antes de decidir sobre qual fundo investir, um aspecto fundamental é procurar saber se o fundo é aberto ou fechado, pois isso irá determinar se o investimento é viável ou não.
Ambos os tipos de fundos oferecem oportunidades de investimento, mas suas características e funcionamento podem variar significativamente. A principal diferença entre eles reside no fato de que, nos fundos chamados abertos, a estrutura de investimento permite que os investidores comprem e resgatem cotas a qualquer momento. Essa característica de liquidez é uma das principais vantagens dos fundos abertos, pois oferece flexibilidade aos investidores que desejam entrar ou sair do fundo a qualquer momento, independentemente do investimento realizado.
Nos fundos abertos, o número total de cotas pode aumentar à medida que mais pessoas investem dinheiro, e o valor líquido do fundo é dividido entre todas essas cotas.
Já nos fundos fechados há um número fixo de cotas, e a entrada e saída dos cotistas acontece apenas em momentos específicos, durante o chamado “período de captação”. Isso significa que, uma vez que todas as cotas tenham sido emitidas, passa a não ser mais possível comprar cotas diretamente do fundo. A partir de então, os investidores que desejarem adquirir mais cotas precisarão comprá-las de outros investidores, normalmente por meio de transações em bolsas de valores.
Da mesma forma, o resgate das cotas também acontece com data marcada, de acordo com o prazo de encerramento estipulado pelo fundo (normalmente, alguns anos depois). Caso o cotista precise do dinheiro antes desse prazo, terá de vender sua parte a outros investidores.